Projetos

Sonhar é necessário; realizar é possível!

Uma tendência verificada em boa parte das populações humanas do mundo é a perda crescente do contato íntimo com o meio natural.  A falta de percepção ambiental nos impede ou dificulta a reflexão sobre as conseqüências das ações humanas realizadas em nome do desenvolvimento ou progresso de uma determinada região.

No Brasil, as escolas e os educadores encontram dificuldades em cultivar ou mesmo transmitir o pensamento ambientalista; os esforços para a conservação dos ecossistemas, fauna e flora, recursos hídricos e outros mais, têm sido ainda muito pontuais e, a despeito de alguns avanços, caminham a passos lentos na busca de alternativas que minimizem os impactos ambientais provocados, em grande parte, pelo acelerado ritmo de crescimento da população humana nos últimos séculos.

Uma estratégia que tem sido utilizada com eficiência para estimular a participação comunitária na conservação de áreas naturais é o desenvolvimento da educação ambiental (DIETZ & NAGAGATA, 1986; BUTLER, 1991; TABANEZ & MACHADO, 1992; PÁDUA, 1994).

As áreas naturais oferecem oportunidades para o aumento de conhecimentos e para uma experimentação direta com o meio, de modo a estimular o interesse e facilitar a integração das populações circunvizinhas a essas áreas (TABANEZ & HERCULIANI, 1990).  Dessa forma, é possível estabelecer um processo dinâmico, onde a população se beneficiará com as oportunidades de aprendizado nas áreas naturais e a unidade de conservação terá pessoas empenhadas em sua proteção (PÁDUA, 1995).

Há um reconhecimento da comunidade ligada aos setores educacionais de que a Educação Ambiental (EA) é necessária para se alcançar o ideal de sociedades sustentáveis. Nesse sentido, a preparação de profissionais com competência para atuarem como agentes transformadores e multiplicadores tem sido considerada prioritária (UNESCO-UNEP, 1988; Tilbury, 1992; Fien & Rawling, 1996).

Uma trilha interpretativa, por exemplo, constitui-se num local onde as pessoas podem ter contato e proximidade com o meio natural, previamente identificado com placas explicativas contendo informações que se deseja passar aos visitantes.

“O uso de trilhas interpretativas é a maneira mais adequada para que cada visitante conheça e aprenda a respeito de ambientes específicos, dos ciclos naturais, do solo e condições climáticas, assim como das plantas e animais que ali se encontram, através de uma caminhada com algum meio de auxílio durante o percurso.” (ARREGUI, 1975; HYPKI & LOOMIS JR., 1981)

Segundo DIAS et al. (1986), a interpretação da natureza no contexto de uma trilha ecológica é uma atividade educativa que tem como objetivo a revelação de significados, relações ou fenômenos naturais por intermédio de experiências práticas e meios interpretativos, ao invés de simples comunicação de fatos e datas.  É também uma forma de compartilhar experiências que levam as pessoas a apreciar, entender e cooperar com a conservação de um recurso natural (SILVA, 1996).

Neste contexto, propomo-nos a utilizar nossos projetos de trilhas interpretativas para propiciar aos participantes o aprendizado da importância do Bioma Mata Atlântica, enfatizando os elementos da fauna e flora locais bem como outros temas pertinentes, como, por exemplo, as questões de preservação, água, solos, biodiversidade, ação do homem sobre o meio, a produção e o destino do lixo e também as interações socioeconômicas e ambientais das comunidades com o meio e entre seus integrantes.